quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CANAFÉ " Baixo Rio Negro"



Entre os dias 16 e 22 de outubro de 2013, a comunidade de Canafé, sede da AIACAJ-Associação Indígena da Área de Canafé e Jurubaxi - estará sendo anfitriã da realização do II Curso de  História do Rio Negro, incluindo o primeiro módulo do curso de Formação para lideranças indígenas do Rio Negro – do projeto “Bem Viver” da Horizonte 3000. O curso de história do Rio Negro será ministrado pelos professores  José Ribamar Bessa Freire e Geraldo Pinheiro. A temática “História do Movimento Indígena do Rio Negro” será ministrada pelas experientes lideranças indígenas: Braz de Oliveira França Baré e Benedito Fernandes Machado Tukano.
A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN, com o apoio da H3000, realizará este curso de história para reviver todos os fatos, acontecimentos e lutas dos povos indígenas do Rio Negro, através de um intercâmbio regional com os indígenas da região - englobando os municípios de Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira - e envolvendo as associações indígenas de base, ligadas a Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro - CAIMBRN. 
A FOIRN, durante os seus 26 anos de lutas e defesas dos direitos constitucionais dos povos indígenas, também tem se preocupado com a renovação de novas lideranças, que são o futuro do movimento indígena da região. O objetivo é preparar e dialogar com essas novas lideranças, mostrando os desafios atuais do movimento indígena local e nacional.
Desta forma, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro estará iniciando o curso de Formação de Lideranças Indígenas com 15 (quinze) alunos, sendo 03 (três) de cada Coordenadoria Regional: CAIMBRN, CAIARNX, CABC, COIDI e COITUA, pois entre os temas da “diversidade, sociedade e capitalismo”, sempre matemos firme a nossa bandeira de luta por nossos direitos sociais e de bem estar social, buscando políticas públicas, assegurando nossas crenças, costumes, línguas e tradições. Acreditamos que futuro não depende do amanhã, o futuro depende de hoje.
A Comunidade de Canafé começou a discutir o modelo de implantação da educação escolar indígena, fato este que hoje existe na comunidade a Escola Indígena Yandé Putira. Essa escola foi pensada e reivindicada a partir do interesse dos povos que ali residem, com o apoio da FOIRN e através de seu Departamento de Educação. A partir de um projeto escolar indígena piloto nesta região, pretende-se mostrar que valorizar e estudar a sua própria história e metodologias de ensino é possível.
A Região do Baixo Rio Negro é composta por comunidades localizadas na margem direita do rio negro e seus afluentes: Rio Preto, Padauiri, Aracá, Demini, Quiuni e Caurés, onde se encontram vários grupos étnicos distintos como os Barés - em sua maioria, Tukano, Desano, Tariano, Tuyuca, Wanaro, entre outros. Com suas especificidades locais, a região é bastante afetada por atividades que geralmente acontecem nestas localidades, como: a "Pesca Esportiva" e “Pesca Comercial”, que atualmente é um grande problema a ser enfrentado, pois não há um controle total pelos órgãos governantes locais, no que se refere a um ordenamento dessas atividades.
Pensando nisso, o movimento indígena da região e seus parceiros - incluindo a AIACAJ - começaram a discutir formas de diálogo, através de oficinas e mobilizações locais, a fim de elaborar uma proposta de Ordenamento Territorial dentro de sua área de abrangência, de forma a garantir o bem estar das comunidades e populações locais em área de preservação e subsistência. Assim, como as constantes reivindicações, continua-se lutando pela demarcação das Terras Indígenas, pois a ampla potencialidade que se tem nos afluentes do rio negro, onde se concentra os trabalhos de extrativismo de piaçaba – sem um preço justo para a mercadoria que beneficie os trabalhadores locais, onde se tem inúmeras colocações e trabalhadores indígenas e onde há o difícil acesso de se chegar uma assistência social, acaba por trazer uma desvantagem muito grande para o extrativista,  fato este que se busca melhoria e uma ampla discussão sobre a cadeia produtiva da piaçaba no Rio negro, de forma sustentável e equilibrada, a partir de  uma negociação direta, que sabe-se, não será do dia para noite, mas deve ser um trabalho pensado a partir de curto, médio e longo prazo.     
Atualmente, a política do movimento indígena no baixo rio negro é constantemente fortalecida nas viagens de articulação e mobilizações locais com as comunidades. Isto tem sido fundamental para a resistência de luta dos 25 anos pela constituinte, que assegura os direitos territoriais e multiétnicos no país, onde nós como verdadeiros donos somos injustamente incomodados por um bando de invasores do agronegócio e do parlamento Brasileiro, que não garantem a segurança alimentar, saúde, educação, direitos sociais, preservação, visão de futuro e gestão de territórios com os povos indígenas. Com isso, a soberania do país é ameaçada por quem governa e não por quem é tradicionalmente dono das terras que configuram nosso país.
Quer conhecer mais sobre a história, modos de vida e pensamentos do Rio Negro? Faça uma viagem para conhecer a diversidade cultural dos povos rionegrinos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário