Entre os dias 16 e 22 de outubro de 2013, a
comunidade de Canafé, sede da AIACAJ-Associação Indígena da Área de Canafé e
Jurubaxi - estará sendo anfitriã da realização do II Curso de História do
Rio Negro, incluindo o primeiro módulo do curso de Formação para lideranças
indígenas do Rio Negro – do projeto “Bem Viver” da Horizonte 3000. O curso de
história do Rio Negro será ministrado pelos professores José Ribamar Bessa Freire e Geraldo Pinheiro.
A temática “História do Movimento Indígena do Rio Negro” será ministrada pelas
experientes lideranças indígenas: Braz de Oliveira França Baré e Benedito
Fernandes Machado Tukano.
A Federação das Organizações Indígenas do Rio
Negro - FOIRN, com o apoio da H3000, realizará este curso de história para
reviver todos os fatos, acontecimentos e lutas dos povos indígenas do Rio
Negro, através de um intercâmbio regional com os indígenas da região -
englobando os municípios de Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira -
e envolvendo as associações indígenas de base, ligadas a Coordenadoria das
Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro - CAIMBRN.
A FOIRN, durante os seus 26 anos de lutas e
defesas dos direitos constitucionais dos povos indígenas, também tem se
preocupado com a renovação de novas lideranças, que são o futuro do movimento
indígena da região. O objetivo é preparar e dialogar com essas novas
lideranças, mostrando os desafios atuais do movimento indígena local e nacional.
Desta forma, a Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro estará iniciando o curso de Formação de Lideranças
Indígenas com 15 (quinze) alunos, sendo 03 (três) de cada Coordenadoria
Regional: CAIMBRN, CAIARNX, CABC, COIDI e COITUA, pois entre os temas
da “diversidade, sociedade e capitalismo”, sempre matemos firme a nossa
bandeira de luta por nossos direitos sociais e de bem estar social, buscando
políticas públicas, assegurando nossas crenças, costumes, línguas e tradições.
Acreditamos que futuro não depende do amanhã, o futuro depende de hoje.
A Comunidade de Canafé começou a discutir o
modelo de implantação da educação escolar indígena, fato este que hoje existe
na comunidade a Escola Indígena Yandé Putira. Essa escola foi pensada e
reivindicada a partir do interesse dos povos que ali residem, com o apoio da
FOIRN e através de seu Departamento de Educação. A partir de um projeto escolar
indígena piloto nesta região, pretende-se mostrar que valorizar e estudar a sua
própria história e metodologias de ensino é possível.
A Região do Baixo Rio Negro é composta por
comunidades localizadas na margem direita do rio negro e seus afluentes: Rio
Preto, Padauiri, Aracá, Demini, Quiuni e Caurés, onde se encontram vários
grupos étnicos distintos como os Barés - em sua maioria, Tukano, Desano,
Tariano, Tuyuca, Wanaro, entre outros. Com suas especificidades locais, a
região é bastante afetada por atividades que geralmente acontecem nestas
localidades, como: a "Pesca Esportiva" e “Pesca Comercial”, que
atualmente é um grande problema a ser enfrentado, pois não há um controle total
pelos órgãos governantes locais, no que se refere a um ordenamento dessas
atividades.
Pensando nisso, o movimento indígena da região e
seus parceiros - incluindo a AIACAJ - começaram a discutir formas de diálogo, através
de oficinas e mobilizações locais, a fim de elaborar uma proposta de Ordenamento
Territorial dentro de sua área de abrangência, de forma a garantir o bem estar
das comunidades e populações locais em área de preservação e subsistência. Assim,
como as constantes reivindicações, continua-se lutando pela demarcação das
Terras Indígenas, pois a ampla potencialidade que se tem nos afluentes do rio
negro, onde se concentra os trabalhos de extrativismo de piaçaba – sem um preço
justo para a mercadoria que beneficie os trabalhadores locais, onde se tem
inúmeras colocações e trabalhadores indígenas e onde há o difícil acesso de
se chegar uma assistência social, acaba por trazer uma desvantagem muito grande
para o extrativista, fato este que se
busca melhoria e uma ampla discussão sobre a cadeia produtiva da piaçaba no Rio
negro, de forma sustentável e equilibrada, a partir de uma negociação direta, que sabe-se, não será
do dia para noite, mas deve ser um trabalho pensado a partir de curto, médio e
longo prazo.
Atualmente, a política do movimento indígena no
baixo rio negro é constantemente fortalecida nas viagens de articulação e
mobilizações locais com as comunidades. Isto tem sido fundamental para a
resistência de luta dos 25 anos pela constituinte, que assegura os direitos
territoriais e multiétnicos no país, onde nós como verdadeiros donos somos
injustamente incomodados por um bando de invasores do agronegócio e do parlamento
Brasileiro, que não garantem a segurança alimentar, saúde, educação, direitos
sociais, preservação, visão de futuro e gestão de territórios com os povos
indígenas. Com isso, a soberania do país é ameaçada por quem governa e não por
quem é tradicionalmente dono das terras que configuram nosso país.
Quer conhecer mais sobre a história, modos de vida
e pensamentos do Rio Negro? Faça uma viagem para conhecer a diversidade
cultural dos povos rionegrinos.